18 outubro 2013

Ótima matéria do Jornal do Comércio 18/10/2013

GASÔMETRO Notícia da edição impressa do JC de 18/10/2013

Projetos da orla e do Parque divergem sobre uso de praça

Movimento pede que estacionamento não seja criado na área
Jessica Gustafson
JONATHAN HECKLER/JC
Local para os carros ficaria limitado à área da estrutura do aeromóvel
O Parque do Gasômetro, previsto desde a revisão do Plano Diretor de Porto Alegre, sancionada em 2010, deveria ter sido instituído por meio de lei complementar que estipularia a delimitação dos espaços que o comporiam. No Plano Diretor, somente ficou definido, em seu artigo 154, que ele deverá, no mínimo, incluir a orla do lago Guaíba até a ponta do Cais Mauá, o Museu do Trabalho e seu entorno e as praças Brigadeiro Sampaio e Júlio Mesquita, mas  o detalhamento geográfico nunca foi feito. Nesta semana, um novo elemento entrou em discussão: o projeto executivo para a revitalização da orla do Guaíba desenvolvido pelo arquiteto paranaense Jaime Lerner, que propõe a utilização da praça Júlio Mesquita como estacionamento, indo na contramão da preservação pretendida quando da criação do Parque do Gasômetro. A forma como será construído não foi explicada na audiência pública em que o projeto foi detalhado por Lerner, mas, segundo o arquiteto e coordenador do projeto Viva o Centro da prefeitura, Glênio Bohrer, a área para veículos seria limitada ao espaço do aeromóvel.

Um comitê formado recentemente continua a discussão sobre a demarcação geográfica da área verde do Parque do Gasômetro. Entre as reivindicações do movimento Viva Gasômetro, que trabalha pela proteção do local, está a suspensão do projeto do estacionamento, tendo em vista que a área do parque já será diminuída com a duplicação da avenida Beira-Rio. “Desde a revisão do Plano Diretor estamos tentando que a lei complementar seja criada para tratar desta delimitação, que compreende a Júlio Mesquita. A prefeitura está ciente disso, mas o Lerner eu não sei. Acredito que essa ideia do estacionamento não será colocada em prática”, afirma a presidente do Viva Gasômetro, Jacqueline Sanchotene.

O vice-prefeito da Capital, Sebastião Melo, ressalta que existem duas questões distintas. Uma delas é sobre o Parque do Gasômetro, que trata de uma construção entre coletividade e poder municipal e que está em fase de negociação. Segundo ele, a ideia é fazer uma interligação entre as praças Brigadeiro Sampaio e Júlio Mesquita e a área em frente à Câmara de Vereadores, que é dividida entre o município e a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). “No projeto de Jaime Lerner, a ideia é tirar o estacionamento atual do Gasômetro e passar para a praça Júlio Mesquita. Eu não sei os detalhes, se ele será subterrâneo ou não, mas é preciso pensar no conjunto da obra. Se eu tiro um estacionamento de um local, eu estou revitalizando para o uso público, então deve-se olhar o conjunto”, diz Melo.

O arquiteto Bohrer diz que a previsão não é de um estacionamento subterrâneo, mas de um espaço delimitado na praça Júlio Mesquita, embaixo da estrutura do aeromóvel. De acordo com ele, no momento da concepção do projeto, esta praça foi entendida como porta de entrada para a orla e por isso foi incorporada. No geral, essa troca traria um ganho na organização estética do espaço. “No local, serão construídos uma quadra esportiva, um deque para dar mais acessibilidade e espaço para o lazer, além de uma fonte voltada para o outro lado da via. Isso significa reurbanizar o espaço com as características do projeto apresentado. O estacionamento será para poucas vagas, que seriam assimiladas na área do aeromóvel”, diz. A retirada das estruturas do aeromóvel não está contemplada na proposta, mas Bohrer acredita que isso possa ser discutido futuramente.


JAIME LERNER ARQUITETOS ASSOCIADOS/DIVULGAÇÃO/JC

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